Copom eleva Selic para 11,25% com foco no controle da inflação provocada pelo governo

O Banco Central adota nova alta de juros em meio à pressão do dólar e das incertezas fiscais do governo Lula na tentativa de segurar aumento de preços no Brasil.

Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, passando de 10,75% para 11,25% ao ano. O ajuste anunciado na última quarta-feira (06/11) é o segundo aumento realizado pela autoridade monetária em 2024, com o objetivo de combater as pressões inflacionárias que se intensificaram ao longo do ano.

Essa elevação da taxa acompanha a expectativa do mercado, que já antecipou um novo movimento de alta para mitigar os impactos do câmbio e da política fiscal sobre os preços. O Copom já havia elevado a Selic em 0,25 ponto percentual na reunião de setembro, mas optou agora por um ajuste mais incisivo para conter a inflação em alta.

A Selic, que regula o custo do crédito e os retornos de investimentos no Brasil, é uma ferramenta-chave para moderar a economia. Ao aumentar os juros, o Banco Central visa desestimular o consumo e a produção, o que pode ajudar a desacelerar o avanço dos preços.

Pressões internas e externas

O Banco Central elencou três principais fatores que justificaram a decisão de elevação da taxa. O câmbio é um deles: a desvalorização do real frente ao dólar tem pressão sobre a inflação, principalmente devido às incertezas fiscais do governo Lula e os fatores econômicos globais.

Outro aspecto que preocupa a autoridade monetária é o estado das contas públicas. O governo do Lula assumiu o compromisso de rever gastos e atingir metas fiscais, mas ainda não apresentou detalhes concretos dessa política, gerando apreensão no mercado. Por fim, o aquecimento da economia, com emprego e crescimento acima do previsto, também contribui para o aumento dos preços.

Em comunicado divulgado após a reunião, o Copom ressaltou que o “ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude do ciclo de compromissos” são totalmente corretos ao objetivo de trazer a inflação de volta à meta, inserida em 3% ao ano, com uma margem de tolerância de até 4,5%. Segundo o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira (04/11), o mercado prevê que a inflação em 2024 deve chegar a 4,59%, ultrapassando o meta estabelecido.

Decisão unânime e histórico de votações

A decisão unânime do Copom segue uma série de votações homologadas desde junho, após uma divisão significativa em maio. Naquela ocasião, os quatro diretores indicados por Lula votaram por uma redução de 0,5 ponto percentual na Selic, enquanto os indicados por Jair Bolsonaro optaram por um corte de 0,25 ponto, que acabou prevalecendo. Desde então, os diretores buscaram consenso, como evidenciado na decisão desta semana.

O Banco Central continuará acompanhando de perto a evolução da economia e os efeitos da política fiscal sobre a inflação e o mercado financeiro, reiterando o compromisso de manter a estabilidade econômica e conduzir a inflação para o centro da meta fiscal.

Back To Top