Um próximo assessor de Netanyahu é acusado de ter divulgado documentos aprovados, em um caso que pode comprometer negociações para liberação de reféns e acirrar divisões internas.
A agência de inteligência de Israel, Shin Bet, prendeu na última segunda-feira (04/11) um oficial militar, somando cinco detidos em uma investigação sobre o vazamento de documentos de inteligência das Forças de Defesa de Israel (IDF) relacionadas ao gabinete do primeiro-ministro Benjamim Netanyahu. As informações mantidas foram compartilhadas com a imprensa estrangeira, de acordo com o jornal The Times of Israel.
A repercussão do caso na mídia local aumentou diante de suspeitas de que o gabinete do primeiro-ministro esteve envolvido na divulgação dos documentos, realizado para influenciar a opinião pública israelense sobre as negociações para liberação de reféns e o andamento do conflito com o Hamas.
Acusações de vazamento e ataques na segurança
No domingo, a Justiça suspendeu uma ordem de silêncio sobre a prisão de Eli Feldstein, ex-porta-voz do gabinete de Netanyahu, e confirmou que outros três suspeitos presos fazem parte da segurança israelense. Segundo o tribunal responsável, os vazamentos representariam uma ameaça à segurança nacional e poderiam prejudicar a liberação dos 97 reféns protegidos pelo Hamas na Faixa de Gaza desde 7 de outubro.
Os documentos vazados circularam entre o IDF e o gabinete de Netanyahu antes de serem divulgados pelos jornais internacionais The Jewish Chronicle e Bild , em setembro. As publicações coincidiram com uma semana turbulenta, quando as autoridades israelenses encontraram corpos de reféns em Gaza, aumentando a pressão sobre o governo para definir novas cláusulas em negociações com o Hamas.
Repercussões internas e críticas ao governo
A publicação dos documentos também inflamou o cenário político, provocando uma onda de protestos em Israel. Em meio à comoção social, Netanyahu realizou uma coletiva de imprensa em 2 de setembro, exibindo documentos que ele alegou ser do Hamas, indicando um plano possível para transferência de reféns pela fronteira egípcia para o Irã. Dias depois, The Jewish Chronicle e Bild publicaram artigos mencionando os mesmos documentos, reforçando a teoria do primeiro-ministro sobre uma estratégia possível do Hamas de intensificar a pressão psicológica sobre os familiares dos reféns.
Defesa e acusações de manipulação
A porta-voz de Netanyahu negou que o gabinete tenha divulgado documentos ou influenciado as publicações. Em resposta às críticas da oposição e de familiares dos reféns, o porta-voz classificou a alegação como “ridícula”, afirmando que o assessor na questão “nunca participou de reuniões de segurança”.
Líderes oposicionistas, como Yair Lapid, acusaram o gabinete de manipulação, indicando que os vazamentos poderiam fazer parte de uma estratégia para prolongar o conflito, a fim de impedir um acordo de cessar-fogo em Gaza. “Se Netanyahu não sabia que seus colaboradores mais próximos estavam roubando documentos, operando espiões dentro do Exército, falsificando documentos e divulgando informações sigilosas para a imprensa estrangeira, o que ele sabe?”, questionou Lapid.
A FDI confirmou que os documentos referenciados pelo Bild não foram originados pelo líder do Hamas, Yahya Sinwar, mas sim por um comandante de menor escalação. A investigação do vazamento, considerada uma ofensa grave, continua, e a pressão sobre o gabinete de Netanyahu se intensifica enquanto a sociedade israelense enfrenta um cenário de incertezas e desconfiança.