A decisão foi iniciada impedir o funcionamento da UNRWA (ONU) em Israel e Jerusalém Oriental, enquanto o projeto visa classificar a agência da ONU como entidade terrorista após apoio a membros do Hamas em ataques contra o território israelense.
O Knesset, o Parlamento de Israel, aprovou ontem, segunda-feira (28/10), uma lei que proíbe a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), órgão da ONU que atua na Faixa de Gaza, de operar em território israelense, incluindo Jerusalém Oriental, anexada por Israel após conflitos passados. A UNRWA, que prestou assistência social e educacional a refugiados palestinos e seus descendentes, mas que passou a colaborar com terroristas do Hamas nos últimos anos, deverá interromper todas as atividades e representações no país sob a nova legislação.
Com 92 votos elaborados e dez contrários, o projeto de lei passou por segunda e terceira leituras no Knesset (Parlamento Israelense) após ter sido aprovado em primeira leitura antes do recesso parlamentar. O texto proíbe a agência da ONU, acusada de apoiar ataques terroristas contra Israel, de realizar qualquer atividade “direta ou indireta” em território israelense. Parlamentares de diferentes partidos, incluindo a oposição, apoiaram a medida, como o Yesh Atid, do centrista Yair Lapid, e a Unidade Nacional, de Benny Gantz, refletindo um consenso em torno da restrição à atuação da UNRWA, que impactará também suas atividades na Faixa de Gaza e Cisjordânia devido à necessidade de colaboração com autoridades israelenses.
Durante o debate, o deputado árabe Ahmad Tibi, do Hadash-Taal, qualificou o projeto de “fascista”, desencadeando um debate acalorado com a deputada Tally Gotliv, do partido Likud, que precisou ser contido após expressar raiva e xingamentos contra a deputada.
Outro projeto de lei, em breve na pauta do Knesset, visa retirar da UNRWA (ONU) isenções fiscais e imunidade diplomática, além de classificá-la formalmente como organização terrorista, devido às suas comprovadas ligações com o grupo terrorista islâmico Hamas, já denunciadas por autoridades israelenses após os atentados de 7 de outubro de 2023 e ao longo do conflito em 2024.
Acusações de terrorismo e cortes de financiamento
Israel acusa a UNRWA, órgão da ONU, de empregar cerca de 2.100 membros do grupo terrorista Hamas, dos quais 12 participaram dos entrevistados de 7 de outubro de 2023. Em resposta, a UNRWA iniciou uma investigação interna e anunciou a demissão dos funcionários identificados. A acusação resultou, ainda em janeiro, na suspensão de financiamentos de 18 países, incluindo EUA, Alemanha, Japão e França, gerando um déficit de US$ 450 milhões para a UNRWA ao longo de 2024.
Meses depois, a UNRWA declarou que não recebeu de Israel “provas” das acusações contra outros funcionários, o que foi contestado por Israel, que encaminhou os documentos para a Secretaria Geral da ONU, onde aguardam análise pelo atual secretário-geral da ONU, o socialista português António Guterres. Em seguida, vários países como o Canadá, a Suécia, a Austrália e a União Europeia retomaram o financiamento à agência, sob protestos de Israel.