Não demorará muito para culparem os conservadores, os “bolsonaristas” e membros do imaginário “gabinete do ódio”
O atentado de ontem, 13 de novembro, cometido por Francisco Vanderley Luiz, de 59 anos, que lançou supostas bombas, fogos de artifícios, ou seja lá o que for, contra o prédio do STF, parece que já está sendo depositado no colo dos antissistemas.
O ministro Alexandre de Moraes não tardou em associar o ataque a um contexto político mais amplo, afirmando que tais ações são uma consequência direta do que ele chamou de “gabinete do ódio” – uma expressão patética que já se tornou um truque discursivo para justificar a repressão a qualquer oposição.
Para o careca, o discurso de ódio que se espalhou pelas redes sociais e, mais amplamente, entre certos setores da política, atingiu um “ponto crítico”, alimentando ataques às instituições democráticas e incitando atos de violência contra as pessoas, não apenas contra as estruturas do Estado. Seja lá o que isso quer dizer.
É claro que a situação é grave e deve ser tratada com a seriedade que o caso exige. No entanto, quando Moraes afirma que o ataque é “consequência” de discursos de ódio que ele diz terem sido fomentados por setores da política, ele está apenas tentando desviar o foco de sua própria responsabilidade na criação do ambiente de hostilidade institucional.
A verdade é que, ao longo dos últimos anos, o Supremo Tribunal Federal tem sido uma das maiores fontes de desinformação, autoritarismo e violação da democracia. Suas ações arbitrárias contra o direito de livre expressão, o cerceamento da atuação política legítima e a usurpação de prerrogativas do Executivo e do Legislativo apenas alimentaram o ciclo de violência política que agora ele tenta responsabilizar a “extrema-direita”.
Moraes fala em “liberdade de expressão” sendo usada como uma “ferramenta criminosa”. Mas, quem mais tem abusado da liberdade de expressão para atacar a democracia, se não ele e seus colegas de toga? A cada decisão arbitrária, o STF se afasta mais da função de guardião da Constituição e se aproxima da de um órgão político que persegue e pune aqueles que discordam de sua visão de mundo. Em vez de garantir a ordem, os juízes da Corte Suprema têm sido instrumentos da desordem política, espalhando um discurso de ódio contra aqueles que ousam criticar suas decisões.
Não precisa de muito para notar que a esquerda visa estabelecer uma ligação direta entre os atos de ontem e o 8 de janeiro, mesmo sem uma investigação aprofundada e sem provas claras de conexão.
No fim de tudo, o menos óbvio acontecerá e os culpados serão os “bolsonaristas”, os “radicais de extrema-direita” e os “conversadores”.